Zona de
Desenvolvimento Proximal (ZDP) é um conceito elaborado
por Vygotsky, e define a distância entre o nível de
desenvolvimento real, determinado pela capacidade de resolver um problema
sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através
de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
outro companheiro. Quer dizer, é a série de informações que a pessoa tem a
potencialidade de aprender mas ainda não completou o processo, conhecimentos
fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis.
Esta idéia
aproxima-se à de Jim Cummins, de informação mais um (ou i + 1), que afirma que o indivíduo
não pode construir conhecimento novo sem uma estrutura, um fundamento, de
aprendizagem prévia. Lev Vygotsky diz que o indivíduo não pode transpor um
expediente de aprendizagem sem algum um conhecimento anterior cognitivamente
relacionado, a fim de conectar e suportar a nova informação.
Os níveis de desenvolvimento
Vygotsky descreve dois níveis de desenvolvimento,
denominados desenvolvimento real e desenvolvimento potencial. O
desenvolvimento real é aquele que já foi consolidado pelo indivíduo, de forma a
torná-lo capaz de resolver situações utilizando seu conhecimento de forma
autônoma. O nível de desenvolvimento real é dinâmico, aumenta dialeticamente
com os movimentos do processo de aprendizagem. O desenvolvimento potencial é determinado pelas
habilidades que o indivíduo já construiu, porém encontram-se em processo. Isto
significa que a dialética da aprendizagem que gerou o
desenvolvimento real, gerou também habilidades que se encontram em um nível
menos elaborado que o já consolidado. Desta forma, o desenvolvimento potencial
é aquele que o sujeito poderá construir.
A zona de desenvolvimento proximal
A ZDP muitas vezes é tomada como um dos níveis de
desenvolvimento, porém, trata-se precisamente do campo intermediário do
processo. Sendo o desenvolvimento potencial uma incógnita, já que não foi ainda
atingido, Vygotsky postula sua identificação através do entendimento da ZDP.
Tomando-se como premissa o desenvolvimento real como aquilo que o sujeito
consolidou de forma autônoma, o potencial pode ser inferido com base no que o
indivíduo consegue resolver com ajuda. Assim, a zona proximal fornece os
indícios do potencial, permitindo que os processos educativos atuem de forma
sistemática e individualizada.
Analisando o conceito de ZDP
Palincsar (1998), um estudante que fez trabalho
considerável, casando a ZDP com o constructo de "scaffolding", afirma
que “… [a ZDP] é talvez um dos mais usados e menos compreendidos constructos
que aparecem na literatura educacional contemporânea” (Palincsar, 1998, pág.
370). Entre os principais motivos para essa afirmação está o fato das pessoas
terem retirado a ZPD de sua estrutura teórica original (passando a ser usada
mais como ferramenta explanatória - desconsiderado o seu poder descritivo), e a
interpretação literal da idéia de capacidade, através da qual as pessoas tendem
a criar espaços, para a performance assistida, ao invés de olhar para a gama de
possibilidades de artefatos culturais (inclusive elementos da própria tarefa),
que estão presentes na aprendendizagem, e que mediam a aprendizagem na ZPD
(Palincsar, 1998).
Segundo Chaiklin, a interpretação comum da
ZDP (Chaiklin, 2003, pág. 41) compreende três suposições: suposição de
generalidade - por meio da qual se assume a aplicabilidade universal da
ZDP; suposição de ajuda – semelhante ao argumento de Palincsar sobre a
ZPD ter sido realinhada para assumir que a aprendizagem requer a intervenção de
um especialista; e suposição potencial – por meio da qual a ZPD é vista
como um tipo de propriedade natural do estudante, que permite a melhor
aprendizagem com menor dificuldade.
Chaiklin (2003) critica a interpretação comum
em três fundamentos. Primeiro, a ZPD deve estar relacionada ao desenvolvimento
global ao longo do tempo, ao invés de tratar da aprendizagem de qualquer
habilidade específica; segundo, é fato aceito que uma criança pode fazer mais
se houver a direção e colaboração de uma pessoa mais capaz. O que muitos
pesquisadores evitam é entender o significado da assistência provida, em
relação à aprendizagem de habilidades e o desenvolvimento global do estudante.
Finalmente, o potencial de um estudante não é propriedade de uma criança (como
em “nesta fase ela está em sua Zona de Desenvolvimento Proximal”), pelo
contrário, a ZDP é uma indicação de presença de imaturidade, ou do processo de
amadurecimento, como se queira, funções psicológicas que podem ser um trampolim
para intervenções significantes.
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