Imagem retirada do guia do bebê |
A retirada da fralda simultaneamente,
durante o dia e à noite, evita que o pequeno desenvolva a chamada enurese
noturna
O
pediatra Rinaldo de Lamare, espécie de guru para as mães das décadas de 60 e
70, preconizava que o treino para controlar as necessidades fisiológicas
poderia começar após a criança completar um ano. “Esse treinamento é um
processo longo, demorado, exigindo paciência e perseverança dos pais, que
lavará em média um período que se estende de 1 a 2 anos”, escreveu De Lamare em
seu best seller A vida do Bebê (Editora Bloch).
De lá
para cá muita coisa mudou. O processo de retirada de fraldas continua exigindo
perseverança e paciência dos pais, mas pode ser bem mais simples. Também já não
é tão precoce. “É importante respeitar o ritmo da criança e não seguir apenas a
idade cronológica. O primeiro critério é que ela já saiba se expressar
verbalmente, o que acontece, em média, a partir dos 2 anos”, diz a pedagoga
Rilma Sant’Ana, 29 anos, que teve como tema de sua monografia “O controle dos
Esfíncteres”. O principal ponto do trabalho de Rilma, que é professora na
escola infantil Raio de Sol, em Curitiba, diz respeito à forma de como se dá
esse processo. Ela defende que a retirada da fralda deve ser feita
simultaneamente durante o dia e à noite, diferente do que é praticado
normalmente quando a fralda noturna é mantida por mais tempo para evitar
eventuais “escapadas”. “Isso vai dar um pouco mais de trabalho para os pais,
que terão de levantar de madrugada para levar a criança ao banheiro num prazo
de 2 a 3 meses. Por outro lado, não há perdas para a criança”, explica a
pedagoga. Para apresentar tal proposta, Rilma se baseou num estudo feito pelos
pediatras Cilene Karam Farinyuk e Dautro Zunino, entre 1993 e 1999, no Hospital
de Clínicas. A pesquisa acompanhou 100 crianças – 50 meninos e 50 meninas.
Deste total, 50 % passaram pela retirada simultânea e 50% pela tradicional,
ficando sem fralda primeiro de dia, depois à noite. O estudo associou a
retirada de fralda em duas fases à chamada enurese noturna – 32% das crianças
desse grupo passaram a fazer xixi na cama depois do processo. “O sistema
nervoso desencadeia um reflexo: durante o dia ele controla, à noite não. Se há
a retirada de fralda simultânea, a partir dos dois anos, a criança não faz mais
xixi na cama. É muito resolutivo”, defende a pediatra Cilene Karam.
Giulia, de 2 anos e 7 meses, não usa mais fraldas há meio ano. Ela já tinha o
exemplo da irmã, Isabelli, 5, mas ver uma coleguinha usando calcinha na escola
foi determinante para que ela decidisse se livrar das fraldas. Sua mãe, a
dentista Geórgia Salomão, comemora o processo sem traumas. “Pedi ajuda na
escola para que a levassem ao banheiro. Em uma semana tirei a fralda do dia e
na outra a da noite. Ela fez, xixi na cama umas duas noites e nunca mais”,
lembra. A mãe também seguiu a recomendação de diminuir a oferta de líquidos
para Giulia após as 18 horas para que não haja muita necessidade de eliminação
durante à noite.
A
pedagoga Rilma Sant’Ana destaca a importância da interferência positiva dos
pais, evitando desconfortos para o pequeno. “Freud mencionava a importância do
cuidado na educação infantil e do respeito pelo corpo para que, quando adulto,
esse indivíduo tenha um aspecto sexual bem resolvido”. Na retirada de fraldas,
é permitido levar os brinquedos para o banheiro, ganhar calcinhas e cuecas com
bichinhos, se despedir do xixi e do cocô. “Para a criança, isso é tão
importante quanto qualquer outra atividade desenvolvida por ela”, diz Rilma.
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