De repente o sol raiou, e o galo cocoricou:
— Cristo nasceu!
O boi, no campo perdido, soltou um longo mugido:
— Aonde? Aonde?
Com seu balido tremido, ligeiro diz o cordeiro:
— Em Belém! Em Belém!
Eis senão quando, num zurro, se ouve a risada do burro:
— Foi sim que eu estava lá!
E o papagaio que é gira, pôs-se a falar: — É mentira!
Os bichos de pena, em bando, reclamaram protestando.
O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!
Brava a arara a gritar começa:
— Mentira! Arara. Ora essa!
— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
— Num estábulo! — o cavalo contente rincha onde foi.
Bale o cordeiro também:
— Em Belém! Mé! Em Belém!
E os bichos todos pegaram o papagaio caturra e de raiva lhe aplicaram uma grandíssima surra!
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